por Redação RBA publicado 10/08/2015 12:50,
São Paulo – No Brasil, as principais
empresas de comunicação estão na mão de seis famílias, que controlam 90% de
toda a receita publicitária pública e privada. Para discutir o assunto, a
Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu um debate no Sindicato dos
Jornalistas no Rio de Janeiro, para tratar sobre a regulamentação da mídia e a
liberdade de expressão.
No evento, o diretor do Centro de
Informação da ONU no Brasil, Giancarlo Summa, afirmou que no Brasil não existe
uma democracia ampla sobre a liberdade de expressão. “A liberdade de expressão
é um direito humano e não significa somente ausência de censura, mas também a
diversidade de ideias e jornalistas trabalhando sem ameaças econômicas ou, até
mesmo, contra sua integridade física.” Em entrevista à repórter Marina Vianna,
da TVT, ele completa: “A América Latina tem alguns pontos incomuns, de forma
geral, a mídia é muito concentrada na mão de poucas empresas, o que não é bom
para a democracia”.
O relator especial para a Liberdade
de Expressão da OEA, Edison Lanza, participou do encontro. Para ele, o Estado
deve ter uma proposta clara dos meios de regulação, mas precisa estar atento à
convenção americana de direitos humanos no que diz respeito à preservação da
liberdade de expressão.
Durante o debate, ele afirmou que os
meios de comunicação na América Latina, principalmente no Brasil, foram
formados por famílias e partilhados entre aliados políticos ao decorrer dos
anos. “Os governos tiveram, em geral, muito pouco êxito em desmontar essa
situação.”
A presidente do Sindicato dos
Jornalistas do Rio de Janeiro, Paula Máiran, afirma que a imprensa corporativa
funciona de acordo com seus interesses políticos e comerciais. “Um dos
ingredientes que formam esse círculo vicioso é o fato de nós termos os grandes meios
de comunicação com um discurso único e que é o ponto de vista dessa elite
dominante. O que a população tem de informação é algo deformado para atender
esses interesses.”
O relator da OEA aponta que uma saída
para a democratização das comunicações é a organização da sociedade civil, ele
exemplificou o caso das tentativas de regulação das comunicações na Argentina e
no Uruguai, em que todos os campos da sociedade civil – como os movimentos de
mulheres, o sindical e LGBT, por exemplo – se uniram para abordar a questão.
“Sucessivas decisões da OEA atestam
que o monopólio ou oligopólio das comunicações afeta a liberdade de expressão
e, portanto, os Estados têm de garantir o pluralismo e a diversidade dos meios.
E isso implica em ter regulação, impor limites.”
Seminário internacional
Coletivo Intervozes, Centro de
Informação da ONU para o Brasil e a Universidade de Brasília, com apoio do
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e Fundação Ford,
realizam hoje (10) em Brasília o “Seminário Internacional Regulação da Mídia e
Liberdade de Expressão”. O objetivo do evento é debater, a partir da
experiência de outros países e dos padrões internacionais de regulação e
proteção da liberdade de expressão, como avançar internamente para uma agenda
regulatória e de políticas públicas promotoras da diversidade e da pluralidade
na mídia.
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