Analistas falam das manifestações a favor da Petrobras e de Dilma, que reuniram milhares de pessoas
As manifestações a favor da
presidente Dilma Rousseff e da Petrobras, que reuniram milhares de brasileiros
em diversas capitais na última sexta-feira (13), mostram o amadurecimento do
povo com relação ao cenário político. Esta é a avaliação de analistas, que
também destacaram a defesa dos direitos trabalhistas nos atos.
O ex-presidente da Ordem dos
Advogados do Brasil do Rio de Janeiro Wadih Damous destaca que as manifestações
mostram a força do apoio do povo ao governo e à Dilma, que vêm enfrentando
sucessivos ataques por parte da oposição, inclusive com setores da sociedade
defendendo o impeachment. Para Damous, isso mostra que os trabalhadores e os
setores mais desfavorecidos da sociedade querem manter seus direitos
trabalhistas conquistados nas últimas décadas. “As manifestações desta
sexta-feira mostraram uma maturidade dos trabalhadores, que entendem não é um
golpe de estado que vai resolver a situações econômica e política do país. Quem
não está satisfeito com o governo deve esperar quatro anos e eleger um novo
governante. Não se deve fomentar o impeachment para atingir o objetivo”,
reforçou o advogado.
Seguindo o mesmo pensamento, o
professor de Ciências Políticas da Universidade Federal Fluminense (UFF) Marcus
Ianoni vê uma forte mensagem "contra o golpismo insuflado por aqueles que
perderam as eleições de forma democrática em outubro do ano passado." O professor afirma também que movimento pró-impeachment
é que produz a sensação de crise política no país. “É claro que existem alguns
aspectos críticos na política econômica do país. No entanto, existe uma
produção política da crise. A crise está sendo politicamente construída para
criar um ambiente que vai contra o governo. É um ambiente que fomenta o
golpismo. Esta crise política está sendo criada artificialmente, por pessoas
que são contra a Dilma. É como se uma pessoa tivesse uma gripe, fosse ao médico
e ele diagnosticasse uma tuberculose”, analisou o professor.
Ianoni afirma também que as passeatas
de sexta-feira mostraram o posicionamento dos trabalhadores de duas formas: “Em
primeiro lugar, que eles [os trabalhadores] são contra a ruptura democrática e
são completamente a favor do resultado das eleições de 2014. Os trabalhadores
não estão apoiando nenhuma medida de “golpe branco”. Eles defendem a democracia
e o resultado das eleições. E eles fizeram isso com uma representatividade
boa." Na passeata da capital de São Paulo, na Avenida Paulista, a CUT
estima que cerca de 100 mil pessoas participaram do ato. A Polícia Militar
estima que cerca de 12 mil pessoas foram às ruas.
O segundo ponto proposto pelo
professor é que os participantes, principalmente os trabalhadores, se opõem às
políticas econômicas adotadas no segundo mandato de Dilma. “Devido às
contradições de relações de força, os setores do mercado conseguiram emplacar
dentro do governo Dilma um ministro da Fazenda. Os trabalhadores sabem que essa
política econômica é resultado dessas relações de força. Os trabalhadores estão
mostrando para a sociedade e os que apoiam essas políticas tomadas, que são
contra. Tais medidas prejudicam os direitos trabalhistas.”
Wadih Damous acredita que as
manifestações marcadas para este domingo (15) não vão ser de caráter
trabalhista ou social. Destacando a forma pacífica com que os atos foram
promovidos na sexta, ele lembra que os integrantes do movimento contra o
governo já têm se mostrado "mal educados" desde o episódio que ficou
conhecido como “panelaço”, no último dia 8, quando moradores de áreas nobres de
diversos estados do país bateram panelas e xingaram durante o pronunciamento da
presidente Dilma Rousseff na televisão.
“O protesto de domingo vai ter outro
perfil. Não vai ser o perfil social, popular. Espero que essas pessoas se
comportem como os trabalhadores se portaram, com educação e não com a
selvageria que demonstraram recentemente. Espero que seja sem tumulto, sem ofensas.
Vamos ver se ele conseguem”, completou.
Já para Marcus Ianoni, as passeatas
marcadas para domingo são as únicas de caráter exclusivamente direitista desde
1964. Ele lembrou que desde o segundo turno das eleições do ano passado, a
tensão no cenário político tem se acirrado e que, após a vitória dos petistas,
"a direita começou a se organizar na tentativa de dar um golpe."
“Fora do território eleitoral, essa é a primeira vez que eles se organizam em
uma passeata de rua. Em 2013, quando ocorreram as manifestações de junho, a
direita se apropriou desses movimentos para tentar impor a sua própria agenda”,
analisou.
Ambos os especialistas concordam que
a crise econômica internacional produz adversidades para a economia do Brasil.
No entanto, não existe, segundo Wadih Damous, um motivo para que isso resulte
num impeachment da presidente Dilma. Segundo ele, diversos países no mundo
vivem o mesmo período de crise na economia. No entanto, ele reforça que o que
deve ser feito para consertar os problemas deve estar dentro da lei e dentro da
Constituição. “O momento que vivemos é de crise econômica internacional.
Diversos países no mundo inteiro têm vivido a mesma coisa que está se passando
por aqui. Tudo isso tem que ser resolvido nos termos da democracia. Não existe
nenhuma coisa fora do normal acontecendo aqui. A saída não é o golpe que estão
propondo”, completou.
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